Hoje em dia tudo se resume a tempo, tempo gasto, tempo
passado, temporizações, temporais e tempestades. O tempo tão distante, tão
perto, se faz tão presente, tão pretérito. Sinto falta dos tempos de menina,
daquele tempo que passava assim rápido arrastado e eu não sentia passar, mas
nunca faltava-me o tempo. Era moleca manhosa, dengosa, carinhosa e gostava de
brincar, o tempo era um dos meus amigos queridos de infância. Cresci e virei mulher e me tornei independente,
adulta, madura algumas vezes, verde muitas outras. E a solidão do tempo
apressado me bateu com força nas costas, fazendo pesar toda a bagagem dos dias
que se passam e dos dias que passarão. Nunca agarro o danado mais, tá sempre
fugindo de mim, corre pra lá e pra cá e eu corro junto. Me esgueiro, o
espreito, mas ele escapa, me desafia todos os dias, a retê-lo um cadinho
comigo. Passo os dias então a reclamar de sua falta, ou seu excesso quando as
férias chegam, não sei mais lidar com o fujão. Ele me desconcerta, me intriga,
me transtorna. Cadê o tempo, meu deus? Cadê? Chefe me dá um cado de tempo?
Preciso de tempo, minha vida anda pros lados de lá, mais do que pros lados de
cá. Ai eu temo o tempo que se foi ou tempo que se esvai. Me vou um dia e o
tempo, no entanto por ai fica.
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Que lindo texto, daiane!!
ResponderExcluirObrigada Luma!
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